SONETO MAGRO
Coitado de quem teme ser obeso,
pois vive se privando dum bom prato,
comendo só ração, porções de mato,
de olho nos limites do seu peso.
À estúpida dieta o cara é preso.
Magérrimo, parece estar, de fato,
num campo de extermínio, sob ingrato
regime de castigos e desprezo.
Costelas tem à mostra, e inda se acha
saudável! Se mulher, beleza pura,
do seu colesterol medindo a taxa...
Babaca! Enquanto malha na tortura,
seu sábio e nédio médico relaxa
e vai se empanturrando de fritura...
SONETO TORRESMISTA
Não basta a ditadura que já dura
e vem a ditadura antigordura!
Saímos do regime militar,
caímos no regime do regime.
Censuram-nos até no paladar!
Trabalho, horário, imposto, compromisso.
Orgasmo não se tem como se quer.
Só sobra o bom do garfo e da colher,
e os nazis nariz metem até nisso.
Maldita seja a mídia, sempre a dar
espaço à medicina que reprime!
Gestapo da "saúde" e "bem-estar"!
Resista! Coma! Abaixo a ditadura!
A luta tem um símbolo: FRITURA!
SONETO PREGUICISTA
Não basta a ditadura da injustiça
e vem a ditadura do magriça!
Caímos no regime do exercício,
egressos do regime militar.
Censuram a poltrona como vício!
Dever, serão, cobrança, obrigação.
Mal temos um tempinho de lazer,
e os nazis o nariz querem meter,
impondo-nos o esporte e a malhação.
O tempo é precioso. Desperdice-o!
Senão a gente ainda vai parar
num eito, num presídio ou num hospício.
Resista! Durma! Assuma esta premissa:
A luta tem um símbolo: PREGUIÇA!
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