TRILOGIA - PEQUENOS CONTÁGIOS

SOBRE O CONCEITO DA OBRA
    Acreditar na mudança, na transformação, não é acreditar numa revolução. Assim como o cérebro só funciona em sua totalidade pela combinação e união das partes que respondem individualmente, o mundo me parece se construir deste mesmo modo. Pequenas contaminações são mais eficazes para fissurar as estruturas edificadas do que rompimentos bruscos; o rompimento gradual é saudável e prudente. As políticas públicas de incentivo a cultura; a necessidade da poesia no cotidiano e a percepção do tempo e do espaço para se reconhecer e sensibilizar com o outro são os fios que conduzem, entrelaçam e formam o quadro desta obra.
TRILOGIA - PARTE 1 - CABEÇA PARA ABELHAS

    Proposições provindas do mundo onírico e do indivíduo que se coloca numa posição de relacionar essas imagens com a sua realidade cultural. Esta performance é uma tentativa de “reconciliação” com as abelhas que habitaram de forma generosa meus sonhos e das quais tive medo. Sonhos, ideias, acontecimentos sobrepostos numa ação ritualística. Já que as abelhas são símbolo de trabalho esta ação performática é uma oferenda, um trabalho para chamar trabalho (dada a escassez de políticas públicas que alimentem o circuito cultural da nossa cidade/estado).
 

TRILOGIA - PARTE 2 - SINFONIA PARA POMBOS


    Transfigurando o real para que o estado poético se instaure; evocando e encantando pombos numa relação estética. “(...) O ser humano não vive só de pão, não vive só de mito, vive de poesia. Vive de música, de contemplação, de flores, de sorrisos.” (MORIN . 2005)
 
 
 

TRILOGIA - PARTE 3 - BANQUETE PARA LOS PERROS – Experimentar el tiempo y el espacio de la calle

    O espaço urbano apesar de uma enorme aglomeração de pessoas, animais, objetos, não se configura como lugar. Dificilmente se constrói uma rede de afetos porque as relações se petrificam por um tempo contínuo e um espaço abstrato; este estado de quase sonambulismo gera paradoxalmente a experiência da não-experiência. Estamos sempre querendo chegar à meta, mas os detalhes que aparecem em nossos trajetos são apagados diante do que temos que supostamente cumprir, cegando nossos instintos. Condicionamo-nos a protocolos, nos tornando seres com pouca potência de percepção/criação/transformação.
    Já que passamos a maior parte do tempo nestes lugares a relação burocrática acaba por reverberar em quase todas as esferas das nossas vidas, reforçando o recalcamento da afetividade.
 




*Foto de cabeça para abelhas - PAM GUIMÃRAES
*Foto de Sinfonia para pombos - RENATA B´MARQUES
*Foto de Banquete para los perros - Experimentar el tiempo y el espacios de calle - DOMÍNIO PÚBLICO 
* Arte - CHARLENE SADD